quinta-feira, 15 de julho de 2010

Fragmentos de pensamentos

Hoje apetece-me... escrever.
Soltar a caneta,
deixar a tinta escorrer.
Gritar palavras ao vento
com aquilo que quero dizer.
Quero ser,
tudo aquilo que almejo.
Quero viver,
com a mesma paixão com que beijo.
Nunca perder,
a força com que luto,
ser forte, não sendo bruto
mas nunca perdendo o desejo!

Quero ser menos complicado,
não pensar tanto
nas merdas que me deixam irado,
irritado, transtornado.
Desconfiar de mim
e tornar-me mudado...
É difícil sendo quem sou,
é difícil encontrar alguém,
que queira levar para onde vou.
Que mereça a minha companhia,
que olhe para mim, e mereça que eu sorria.
Sinto-me perdido, desencontrado,
sou para muitos um guia,
mas também preciso de ser guiado.
Sou a luz ao longo do caminho,
e,ironicamente,
ando na escuridão, sozinho.

Gostava de ter um Johnny na minha vida,
talvez não fosse tão fodida,
talvez não a sentisse perdida,
se alguém visse o que vejo com estes olhinhos!
Chamem-me puro pensador.
Condenado, digo eu,
pois isto só me traz dor.
A minha mente é um paradoxo,
vive àparte do ortodoxo
e o que penso, quase sempre traz ardor.
Mas tenho orgulho na minha pessoa,
Vejo nisto uma coisa boa,
vejo carácter e emoção
felicidade em ser o João,
protegido,
muitas vezes pelas merdas que me deixam arrependido,
porque por mais mal que me aconteça,
tiro sempre o bom partido.

Farto-me de ter sempre que lutar,
pelas merdas que recebo e quero dar,
mas é este o meu destino,
e mesmo quando penso nisso
e obstino,
não queria que fosse de outra maneira.
Não quero nada de mão beijada,
não quero viver num conto de fadas,
e quero isto a vida inteira.
Sou assim, independente.
Individual e solitário,
vivo em dois Mundos, no meu,
e no da tua mente,
e embora me ache
a tantos outros igual,
sei que para uns sou uma merda,
mas para o resto sou especial.

E sinto-me completo sendo verdadeiro,
diferente quase do Mundo inteiro,
não uso máscaras,
não crio ilusões,
não manipulo com as minhas próprias razões,
não vivo num Mundo de "E se..."
e senões...

Tenho dias bons, dias horrendos.
Cresço com o mal dos maus momentos,
amadureço com estes apontamentos,
não sigo modas nem tendências,
não papo grupos, não sigo vivências.
Eu não me abalo pelas diferenças,
nem pelas críticas dos iguais.
Criticado,
por não ser criticado pelos demais.
Vivo em busca da energia,
tentando calar esta sede de sabedoria,
eu catalizo
sou um íman e magnetizo
quem me traz alegria e desperta a euforia.
Dou valor às coisas pequenas,
pois nunca tive nada,
senão o dom da palavra apenas.
Tive de lutar pelo que conquistei,
tive de sofrer muito
para não ser um escravo, ser um rei,
ser aquilo que sempre pensei que seria,
tornar-me no que sou,
quando pensava apenas "Um dia...".

Não sou um gajo de sucesso,
sou de valores.
Não sou amargo, sou uma panóplia de sabores.
Não sou cinzento,
sou a definição de cores!
Sou um espírito livre,
iluminado,
sou um exemplo, para quem por mim é guiado,
sou o melhor amigo de muita gente,
sou para alguns um confidente,
a minha boca não mente,
a minha cara é sorridente,
e o meu coração, bem ardente.
Dou tudo de mim a quem mereçe.
A tua aura está fria?
O João aqueçe!
Perdoo erros até mais não,
deixo-me pisar pelo maior matulão
pois sei que no fim,
olhas para mim,
e, sabes... Ficou a intenção.

E talvez isto te consiga mudar,
talvez deixem de sugar
e começem a dar...
Talvez se apercebam que vivemos num Mundo de troca,
que só crescemos,
com quem chega e nos toca,
que tem a mesma mentalidade,
ideais,
que sabe que somos um
e somos todos iguais.
Tirem-me as rastas,
desmanchem-me os nós,
levem os piercings e a tinta do corpo,
verão que sou igual a vós.
Meu corpo é apenas um embrulho,
uns não gostam,
outros têm orgulho,
mas há que olhar mais a fundo,
há que ver para além do Mundo
que nos chega aos olhos e está lá no meio,
olhem sem receio.
sem vergonha,
Sem tabú, sem preconceito,
não olhem torto,
olhem a direito,
porque mesmo não ligando
deixo-me sempre afectar,
sei que tenho força para cagar
e andar,
sigo o meu caminho
deixando para trás quem teima em me magoar,
Indomável...
Não há nada que me faça parar!

Só tenho pena de ir sozinho,
tanta gente ao meu lado,
mas quase todos noutro caminho,
paralelo mas bem diferente,
como se um fosse gelo, e o outro algo quente.
Eu estou no da realização,
corro o caminho da criação,
entendimento, concepção.
Faço magia
com a caneta na minha mão,
depejo aqui a minha imaginação
dou asas à criação
e deixo-me voar.
Fecho os olhos, sinto-me levitar.
Vou para onde o meu cérebro me levar,
deixo-me arrastar,
e onde estou agora...

É precisamente onde quero ficar!


Pendragon

8 comentários:

Ricardo Nunes disse...

Não é fácil teres alguém que te guie, João, como sabes! Será com certeza mais fácil e provável encontrares um "guia" como tu que também procure alguém como tu... isso sim era uma vitória!

É estranho perceber como te sentes, se calhar até a ti... decidido, completo mas condenado a permanecer solitário nesse "mundo paralelo" de que falas... Percebo-te mas não te estou a conseguir perceber, percebes? Eu sei que sim =)

As tuas palavras transpiram tristeza e amargura, mas ao mesmo tempo transmitem uma segurança, confiança e amor próprio enormes!

Continua a fazer magia com a caneta na mão... seguindo as tuas palavras, coloca-me no grupo do "resto", que eu acho-te mesmo especial! ;)

MauraB.13 disse...

De todos os textos que tens aqui no blog, posso dizer que este foi o que mais me tocou ...Quase que como um deja-vú, parecia que adivinhava o que ias dizer a seguir... nem sei bem que te diga mais, senão que sem me conheceres, descreves-te o que sinto todos os dias ...deixo um abraço e um beijo de força e esperança ***

Anthigone disse...

Estão fantásticos! Estabeleces relações de conceitos muito precisos e nítiodos, nunca esquecendo de usar uma linguagem corrente, e ao mesmo tempo um lexical bonito. Do que eu entendi, o assunto do poema é a auto-caracterização do "Eu", neste caso o sujeito poético fala na 1ª Pessoa do singular e enumera varias caracterísiticas psicológicas e físicas ("cortem-me as rastas" "levem-me os piercings e a tinta do corpo") [claro que neste caso falas tu de ti, nehhh]. Mas para além de tudo isso está bem patente também a vertente satírica do poema, pois critica também alguns assuntos sociais e comportamentais do ser humano em sociedade e uns com os outros, através da exaltação dos próprios ideais, fazendo com que tenha um intuito moral, neste caso de ensinamento e, acima de tudo, encaminhamento. Um dos temas que também destaco neste, é o assunto da igualdade entre todos, feito através do paradoxo entre o "exterior" e o "interior" da alma do "Eu" e jogando com os paradigmas pre-concebidos e estabelecidos pela sociedade de hoje, e satirizando as mentes "limitadas" a uma só possibilidade, que critica, julga, e no fundo, vê apenas a forma, e nunca o conteúdo. Muito bom mesmo :)

Daphne Maria disse...

Okay, queres mesmo que seja sincera ?
Estou a chorar -.-
Grande dom..Amei mesmo muito ler :)
Aperto de mão, aqui da Dona da Celulite :b

Ivo disse...

grande joninho para nao me alongar nas palavras digo te grande descriçao do que és,pensas,fazes...uma descrição. tens muita coisa que gostava de falar de cada uma delas mas nao atraves de letras, pensa só que és unico se nao tens guia é porque nao precisas deixas descendencia alguem que faça o mesmo que tu andaste ou tentas a fazer isso sim acaba por ser o teu guia.ajudar o proximo sem receber nada em troca apenas o conforto de ajudarmos que sensaçao...temos tao pouco ou nada mas esta noçao é nos suficiente e deixa nos tao bem nao é preciso muito...a solidao(a mente) é necessária...para podermos indagar sobre aquilo que somos e queremos continuar a ser.somos felizes assim,apesar de as vezes sentirmos uma sensaçao enorme de tristeza e amargura e de quase vontade de nao viver...mas voltamos ao inicio e tudo parece perfeito...outravez...

Ivo disse...

ta em ivo mas é o félix é que esta guerra da informática e eu teima em nao me dar tréguas.

sandrina disse...

amei....ta lindo...profundo...

sandrina disse...

tb gostei da parte do coment do félix... ainda continua com a guerra de informatica..hehe ja é velha essa lol na brinca félix